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Arquitetos: João Laranja Queirós
- Área: 287 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:João Laranja Queirós
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Fabricantes: BRUMA, Duravit, JNF, Trimble Navigation, ZWCAD
Descrição enviada pela equipe de projeto. Situada a Norte de Portugal, na histórica cidade de Vila do Conde, a casa intervencionada, fazia parte de um conjunto de duas casas construídas por volta do século XVII. Estas pertenceram a uma instituição que, durante décadas, acolhia crianças abandonadas e filhos do alheio, sendo nessa época denominada da “Casa da Roda dos Expostos“. Ao longo dos séculos foram sofrendo várias intervenções. No segundo quartel do século XX foram separadas e alteraram a sua tipologia para habitação unifamiliar tendo perdido condições de habitabilidade nos finais do séc. XX.
Perante tamanha carga histórica, entendemos que na abordagem ao projecto seria do maior interesse procurar preservar a memória do lugar, assim como todo o sistema construtivo tradicional e reduzir ao máximo a tentação de introduzir formalismos de modernidade. Pretendeu-se assim anular a ideia de arquiteto-autor, trabalhando no edifício de forma subtil e discreta. A ideia era reconstruir, redesenhar, proporcionar detalhes construtivos e fornecer todo o conforto da atualidade, procurando ao máximo manter o existente.
A casa, com fachada em pedra de granito e caixilharias em madeira, é constituída por dois andares com 136 m2 cada, existindo porém um terceiro piso que só é visível na fachada posterior, com 15 m2, denominado “torreão“. No piso térreo, antiga loja e acesso à casa, fica localizada a garagem, o hall de entrada, a escada e o armazém. No primeiro piso tem lugar a sala comum, dois quartos com instalações sanitárias e a cozinha, sendo que no torreão, terceiro piso, fica localizado um escritório.
Na intervenção feita no exterior procurou-se preservar ao máximo todos os detalhes existentes, respeitando a origem, a memória e o seu enquadramento. Assim, a pedra de granito foi limpa e tratada, a grade de ferro da varanda foi restaurada, e as caixilharias redesenhadas, de forma a receberem vidros duplos com características térmicas mais eficazes. A estrutura do telhado de madeira de carvalho foi recuperada, e foram adicionadas camadas de isolamento, finalizadas com telha de meia cana.
No interior procurou-se preservar a atmosfera dos espaços, mantendo os elementos principais: escadas, piso em madeira, portas, rodapés, cantarias e nichos em pedra. As cores claras, a linguagem depurada, e a colocação de clarabóias, contribuem para maximizar a luz, a pedra e o soalho de madeira. Ao integrar armários nos espaços de forma solta, procurou-se dividir os mesmos, sem se perder a noção da espacialidade total.
Assim, com pequenas intervenções, manteve-se a aparência do sistema construtivo tradicional, dando lhe um toque de conforto actual. Estes procedimentos vão de encontro aos valores que acreditamos serem importantes para respeitar a história do edifício, procurando dar lhe novos argumentos para que, a casa, possa continuar a sua história.